quarta-feira, 16 de junho de 2010

[STBSEB:4291] Entre a lógica e a Historicidade

Entre a lógica e a Historicidade
A Filosofia Contemporânea, na análise de Ivan Domingues, reflete a
possibilidade de uma terceira via, diante das dicotomias presentes
entre os pensamentos hoje vigentes. A Ética desponta como um assunto
importante

Por Sucena Shkrada Resk


Considerações do entrevistado: Alerto o leitor para um conjunto de
erros e impropriedades relativos à entrevista que concedi à Revista e
publicado na edição 47. Ao ser editada, muito do que eu disse foi
compactado, o sentido invertido e fatos alterados, resultando num
texto errôneo e truncado. Assim, a informação, como se fosse minha, de
que Wittgenstein é alemão, quando se sabe que ele é austríaco; a troca
de Edmund Husserl por um certo Eugen Wüster, que não é filósofo, mas
engenheiro; a inclusão de Nietzsche e Marx entre os representantes do
idealismo alemão, quando eu tinha dito que com eles e Kierkegaard
tinha iniciado o processo de dissolução daquela corrente filosófica.


Segue a entrevista corrigida


Tratar das correntes filosóficas contemporâneas e de suas dicotomias é
um exercício intelectual do dia a dia do doutor em Filosofia, pela
Université de Paris I (Panthéon - Sorbonne) e criador e coordenador do
Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo, na Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais
(FAFICH/UFPR), o mineiro Ivan Domingues. Recentemente, o pesquisador
lançou a obra O Continente e a Ilha - duas vias da filosofia
contemporânea, na série Leituras Filosóficas, das Edições Loyola. O
trabalho traça um paralelo e uma releitura dos autores das escolas
anglo-americana e franco-alemã, quanto à Metafísica, à Epistemologia e
à Ética e busca 'uma terceira via'.

Segundo o escritor, independentemente de os pensadores desse período
analisarem respectivamente os conceitos, sob a ótica da Lógica e da
historicidade, o que importa, ao analisar as reflexões, é se as mesmas
foram realizadas de forma profunda e bem feitas. "É preciso franquear
o espaço da reflexão, maior do que o da Lógica e menor do que o do
contexto histórico, para que seja possível tematizar a raiz
existencial dos problemas filosóficos, que nos possibilite uma
terceira via", considera. Em entrevista especial à Filosofia Ciência &
Vida, Domingues fala de suas pesquisas e destaca os caminhos
filosóficos nos dias de hoje, na chamada era da tecnologia.

A sua trajetória acadêmica é marcada ainda por produções nas áreas da
teoria do conhecimento e da Epistemologia das ciências humanas, com
destaque ao Grau zero do conhecimento e Epistemologia das ciências
humanas - tomo 1: positivismo e hermenêutica - Durkheim e Weber. Esse
último, segundo ele, deverá ser acompanhado de um segundo tomo dentro
de dois anos, dirigido ao exame das obras de Lévi-Strauss
(estruturalismo) e de Karl Marx (dialética).


FILOSOFIA - Como se formou a Filosofia Contemporânea?
Ivan Domingues - Definir o início da Filosofia contemporânea é uma
matéria controversa, pois se considera que tenha começado no século
XX. Mas analiso que começou, de fato, antes, no século XIX, com o
processo de dissolução do idealismo alemão, corrente filosófica da
qual faziam parte Arthur Schopenhauer (1788-1860), Georg Hegel
(1770-1831), Johann Fichte (1762-1814) e Friedrich Schelling
(1775-1854), dissolução iniciada com os ataques de Karl Marx
(1818-1883), Kierkegaard (1813-1855) e Friedrich Nietzsche
(1844-1900), entre outros. Esses filósofos nos lançaram para o cenário
contemporâneo. Hegel, Fichte e Schelling estavam atrás da construção
de grandes sistemas filosóficos. Neste sentido, o que vem depois
deles, e se consuma no século XX, é a renúncia justamente da
construção dessa concepção.


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FILOSOFIA - Quais são os principais representantes da Filosofia
Contemporânea, no século XX?
Domingues - A Filosofia Contemporânea, da segunda metade do século XX
para cá, tem como representantes Ludwig Wittgenstein (1889-1951) e
Martin Heidegger (1889-1976). Pode-se dizer que esses são dois grandes
nomes do período. Na primeira metade do século XX, no lado
continental, se destacam Edmund Husserl (1859-1938), fundador da
Fenomenologia, e do lado inglês, Bertrand Russell (1872-1970) e George
Edward Moore (1873-1958), além do norte-americano William James
(1842-1910). Somam-se a eles, mais tarde, na segunda metade do século,
o francês Michel Foucault (1926-1984) e o alemão Jürgen Habermas (1929
- ), entre outros.


FILOSOFIA - O que caracteriza as reflexões desse período?
Domingues - São várias as experiências de se relançar a Filosofia em
novas bases. A Filosofia Analítica no início procura aproximar a
Filosofia da Ciência. Edmund Husserl quis construir um sistema da
Filosofia, depois desiste. Mas é na segunda metade do século XX que
abandona-se a ideia, quando é vista como uma construção megalomaníaca
e extravagante. Já o Existencialismo, como corrente filosófica, é
influenciado por Heidegger. Sua obra Ser e tempo (1927), é marcante
para a Filosofia Contemporânea. Outro trabalho de revisão importante é
Investigações Filosóficas, de Wittgenstein. Fica claro no
pós-modernismo francês a importância da contribuição de Foucault, como
em As Palavras e as Coisas. Jean-François Lyotard (1924-1998) escreveu
ainda um livro importante: A Condição Pós-Moderna. A Filosofia
contemporânea, no século XX, rompe com a razão iluminista, e não tem
uma grande narrativa. Há um 'eclipse' do estruturalismo,
principalmente na França, a partir dos anos 70. É o tempo do
pensamento fragmentado versus a sistematização, algo típico da
Filosofia contemporânea tardia, nos anos 80 e 90.


FILOSOFIA - Em que focou o seu livro O Continente e a Ilha?
Domingues -No livro, focalizo duas grandes vias, a da Filosofia
continental franco-alemã, que trabalha os problemas filosóficos com a
História da Filosofia, tendo como um dos principais protagonistas
Foucault, que tem influência de Heidegger e Nietzsche. A outra é a
anglo-americana, em que há a Filosofia Analítica, o Positivismo Lógico
e o neo-pragmatismo, que fazem Filosofia com a ajuda da Lógica. O que
tento apresentar é que as correntes são muitas e não existe um caminho
de mão única. A tendência de cruzamento entre essas correntes é
tardia. No início do século XX, essas duas filosofias se separaram.
Nos anos 30, há uma tentativa de fazer uma Filosofia muito próxima da
Ciência, como eu disse. Quem faz isso primeiramente é o grupo do
Positivismo Lógico, também conhecido como Círculo de Viena, que mais
tarde parte para os EUA por causa da ascensão do Nazismo. Uma parte da
Filosofia continental franco-alemã se distancia da Ciência e se
aproxima da Literatura, com Jean-Paul Sartre (1905-1980), Maurice
Merleau-Ponty (1908-1961) e Heidegger. É claro que há outros filósofos
continentais franceses, que colocam a Filosofia perto da Ciência, como
Gastón Bachelard (1884-1962) e Alexander Koyré (1892-1964), entre
outros.


FILOSOFIA - Isso quer dizer que a ligação da Filosofia com a Ciência e
a Arte é um aspecto a se destacar na contemporaneidade?
Domingues - É algo recorrente e, também, em menor extensão, podemos
fazer essa ligação com a Tecnologia. Foucault fala de biopoder e
biopolítica. A tendência hoje é haver mais pressão das tecnociências
sobre a Filosofia, em razão da importância crescente de segmentos como
a Engenharia Genética. Pode-se dizer que na Filosofia contemporânea se
impõe a necessidade de fazer um trabalho interdisciplinar, juntando
várias áreas do conhecimento para trabalhar questões importantes. A
Filosofia junto com outras disciplinas. Por isso, a questão da
consciência, tão importante para as neurociências e ao fazer interface
com a Filosofia, abre o novo campo da Filosofia Contemporânea, que é a
Filosofia da Mente.

FILOSOFIA - Antes disso, o que chamava mais a atenção dos filósofos
contemporâneos?
Domingues - Principalmente, dos anos 30 aos 80, era a linguagem. Havia
trabalhos analíticos focados na sintaxe, que põe a Linguística perto
da Lógica. Outro exemplo, em outra direção, é Foucault, em As Palavras
e as Coisas, mas essa preocupação vem desde Platão e Aristóteles.
Outros temas ganham expressão, como as formas simbólicas, graças a
Cassirer. Heidegger vai trabalhar os aspectos poéticos e Paul Ricoeur
publica uma obra importante, que é A Metáfora Viva, depois vem outras,
onde a semântica é central.


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FILOSOFIA - Qual é o legado da Filosofia contemporânea, em sua avaliação?
Domingues - Posso dizer que há muitos legados. Para as ciências
humanas, um deles é a Hermenêutica, renovada pelas contribuições de
Gadamer e Ricoeur. A Antropologia Contemporânea rival do
estruturalismo de Claude Lévi-Strauss (1908-2009) sofre influência da
Hermenêutica, tendo como grande expoente Geertz na Antropologia
recente norte-americana. A reflexão da Filosofia da Linguagem, oriunda
da Analítica e de outras correntes, acaba impactando a Linguística,
como, por exemplo, com Wittgenstein. A influência de Heidegger, sob
esse aspecto, é menor, mas a corrente das letras que trata de estética
literária adota o pensamento dele. Umberto Eco, mesmo não sendo
exatamente um filósofo, mas um pensador, causa impacto em Semiótica e
na teoria literária. Ocupa a cena pública e tem escuta. Já a Filosofia
da Mente e a Neurociência têm relação simbiótica. O legado é mútuo. O
trabalho de Bertrand Russel pôs a Filosofia perto da Matemática. Isso
levou a revoluções profundas no campo da Lógica, discutindo temas com
domínio comum de ambos, ao trabalhar a teoria dos conjuntos.

FILOSOFIA - Como é a relação entre a Filosofia e a Ciência?
Domingues - Considero que não é tranquila. Muitos cientistas tendem a
ignorar a Filosofia das ciências naturais, por causa de preconceito de
campo disciplinar, mas há grandes físicos com boa formação filosófica,
como Albert Einstein (1879-1955). No campo da Biologia, Richard
Dawkins, próximo do utilitarismo inglês, é militante ativo, defende
posições pró-ateísmo. Compra briga enorme com setores cristãos,
católicos e protestantes. É controverso, mas muito influente dos
séculos XX e XXI.


FILOSOFIA - Quais são os desafios da Filosofia Contemporânea, já que
mantém diferentes correntes?
Domingues - A Filosofia sempre foi diversa. Aí é que está tanto a sua
força, como também a fraqueza. A respeito da Filosofia inglesa, em O
continente e a ilha (em que a ilha é a Inglaterra), usei o nome
pensando sobre o que Novalis dizia - que cada indivíduo inglês era uma
ilha. Falando nisso, podemos dizer que a Filosofia é um verdadeiro
arquipélago. Com diversidade, há riqueza. Na contemporaneidade, as
coisas ganham em escala. No século XIX, tudo era confinado ao universo
europeu. Já no século XX, nunca houve tanta produção científica, e a
filosofia se espalha por toda parte. Os EUA têm mais de mil
departamentos de Filosofia e o Brasil não deve ter 300. Por outro
lado, o número de grandes pensadores, durante o século XX, é
expressivo. Mas na fase final, é perceptível que faltam grandes
pensadores. Há um período de entressafra, e isso dá impressão de
crise. Por outro lado, ainda existe a sensação de que a Filosofia
ficou muito técnica, 'logicizada', com argumentos. São métodos de
leitura e de interpretação de texto, muitos papers e pequenos artigos.
Considero que com a técnica, ficou pouco pensamento. Há uma crise do
pensamento e muita gente da área pensa que está na corrente certa ao
alimentar a Filosofia por ela mesma.

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FILOSOFIA - Como você define a Ética na Filosofia Contemporânea?
Domingues -A Ética ocupa o primeiro plano na Filosofia Contemporânea.
Tem muita relevância, a partir dos anos 80 para cá. Quando estudei
Filosofia, nos anos 70, não era importante. Na época, a atenção era
voltada à Filosofia Política e da Ciência. A Ética era considerada
coisa de padre. Em outra época, houve o destaque para a Filosofia da
Linguagem e hoje se trabalha cada vez mais Ética, com seus problemas
complicados, como a Bioética. Em Oxford, na Inglaterra, onde fiz o meu
pós-doc, durante muito tempo, se fez a Filosofia da Linguagem.
Atualmente, a Ética está em primeiro lugar. Não só lá, mas como também
nos EUA. Na Ética contemporânea, há um embate de três grandes
correntes, a deontológica ou kantiana, utilitarista ou
consequencialista e a neoaristotélica, das virtudes. O debate gira em
torno dessas três vertentes. Neste quadro, não só a ideia de lei da
ética religiosa se esvaziou e se refluiu, quando o decálogo foi mais
ou menos deixado de lado, mas os conceitos de virtude e de dever
também entraram em crise. A tendência é o pensamento da Ética laica,
mas os caminhos não são claros.

FILOSOFIA - Qual é o seu parecer sobre a Ética e a Educação laica?
Domingues - Eu sou republicano, sou a favor da escola laica. Sou
contra escolas públicas veiculando um pensamento religioso, ligadas a
uma igreja, por exemplo. Em escolas privadas confessionais, eu entendo
esse direito de veicular o pensamento religioso ao qual está ligado,
católico ou protestante.


FILOSOFIA - O que tem a dizer sobre a Epistemologia Contemporânea, que
é objeto de sua obra?
Domingues - A Epistemologia Contemporânea, a Filosofia da Ciência, é
marcada pela hegemonia anglo-americana. Ao longo do século XX, a
Epistemologia é feita na extensão da Lógica unindo Filosofia da
Ciência e da Linguagem. No caso da Epistemologia continental, fica
claro na França, que é feita de maneira diferente, na extensão da
História da Ciência. Esse é o caminho de Gaston Bachelard, de
Canguilhem e de Foucault. Até então, havia desentendimentos nesse
campo. Um fato histórico clássico é o Colóquio de Filosofia Analítica,
realizado na França, nos anos 50, em uma igreja beneditina. Houve
mal-estar e desencontro entre os participantes, evidenciando que não
era fácil a aproximação. Somente a partir dos anos 80, ocorreu uma
maior convergência, nos EUA, como no caso de Thomas Kuhn, que era
próximo de Koyré, ao propor uma Filosofia histórica da Ciência. Também
professores europeus convidados pelos americanos fizeram um trabalho
de aproximação.

FILOSOFIA - Qual é o caminho do meio, que o senhor cita em O
Continente e a Ilha?
Domingues -Em minha obra, propus o espaço da razão e da reflexão,
termo que eu tomei de empréstimo de Canguilhem e que estaria no meio,
entre os espaços lógicos e históricos. Ao inscrever a Filosofia nesse
espaço, podemos usar as ferramentas da Lógica e da História, sendo a
terceira saída, que já é frequentada por filósofos continentais e
americanos, na Inglaterra e França, como Ricoeur, que lança mão da
história e procura trabalhar a herança da Filosofia Analítica. O
próprio Foucault dizia que o jeito dele de fazer Filosofia era próximo
do anglo-americano, mas que ele queria fazer a análise do discurso
apoiado na História e em contextos reais, para fazer a fusão.


FILOSOFIA - Em sua opinião, qual é a Filosofia praticada no Brasil e o
que sugere a respeito?
Domingues - No Brasil, pode se encontrar esse caminho do meio ou
diferente. Somos leitores das duas tradições, precisamos dar um passo
intelectual de coragem, trabalhar nossos problemas, culturas e
valores, em busca de autonomia intelectual, criando a própria
Filosofia Brasileira. Apesar de ter uma vocação universal, os
contextos e as tradições nacionais são importantes para a Filosofia e
o país tem grande expressão. Até agora, a Filosofia aqui é muito
acanhada e dependente de comentários de textos, exegeses, e da
História da Filosofia. É preciso ter gente fazendo Filosofia, como os
norte-americanos fizeram um dia, ao dizer que tinham a sua Filosofia,
evocando o Pragmatismo. A boa Filosofia pode ser encontrada dos dois
lados do Atântico e dos hemisférios. É preciso pensar os problemas
filosóficos com autonomia e assumir riscos. Não sou chauvinista, mas
considero que o Brasil tem de entrar em cena. Se já se faz isso na
música e na Literatura, por que não, na Filosofia?

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FILOSOFIA - Tendo em vista que o Brasil, como outros países em
desenvolvimento, têm muitas desigualdades regionais, como o senhor vê
o papel da Filosofia contemporânea quanto ao aspecto social?
Domingues - Na segunda metade do século XX, o pensamento social se
eclipsou, em virtude da crise do marxismo, que era uma referência na
Filosofia dessa área. No final do século XX, há pouca coisa nesse
terreno. A pobreza e os setores marginais têm pouca vez. Acho isso
lamentável. Há outros temas, como o multiculturalismo, que convergem
com a experiência de outros países primeiro mundo. Em Foucault,
podemos encontrar outros aspectos da questão social na discussão da
Sociedade de Controle, em que trata do poder, da disciplina, do
controle da mente e do indivíduo, que interessa tanto a brasileiros
quanto a europeus. Sartre também discutiu questões do terceiro mundo,
ligadas à colonização, e ocupou a cena pública. Há uma linha limítrofe
entre a Filosofia social e política, que interessa aos países de
primeiro e terceiro mundos. Atualmente, há uma espécie de lado
alienado do pensamento, indiferente às questões sociais mais amplas,
que interessa a um vasto contingente do terceiro mundo e que imagina
estar na América do Norte ou na Europa.


FILOSOFIA - Em sua avaliação, quais os caminhos da Filosofia Contemporânea?
Domingues - Existe uma crise ética e os desafios são muitos,
estendendo-se do tema do niilismo moral à questão da Tecnologia, em
especial à Biotecnologia, como também há um 'eclipse' da Política e
uma espécie de deserção do social. No campo da Ética, existe um
paradoxo, por um lado, a exaltação da tecnologia e, por outro, o
colapso ético. Onde isso acontece, reina o niilismo. A Filosofia
Política se viu desafiada de mais de uma maneira, com a questão do
totalitarismo do século XX, como no caso do nazismo e, inclusive, do
comunismo, seja na Ex-URSS, ou na China, de Mao Tsé-tung. Um exemplo
dessa renovação da Filosofia Política está no trabalho desenvolvido
por Hannah Arendt (1906-1975). Mas hoje as coisas mudaram e a
questão da democracia não ocupa mais o primeiro plano e notamos que o
absenteísmo nas eleições no primeiro mundo é alto. Com o fim das
grandes utopias, como a socialista, ficou no lugar experiências de
governo em que se procura associar o populismo com o pragmatismo nas
ações, buscando certa eficiência na gestão do Estado. Vejo como
problema, a 'juridicialização' da Política, que é a invasão do
judiciário, no campo procedimental. Ninguém aceita o "não", todo mundo
recorre à justiça. Isso acontece em escala planetária. Atinge EUA,
Europa e Brasil.


FILOSOFIA - E o enfoque ambiental, já que o contexto hoje é da
discussão dos rumos do planeta, em decorrência das mudanças climática?
Domingues -Esse ponto entra na extensão das discussões da Ética da
Ciência e da Biotecnologia. Muitos filósofos estão se preocupando com
isso. O filósofo alemão Hans Jonas, que se radicou nos EUA, mostra
larga reflexão sobre a Ética na era da Biotecnologia, e forte
preocupação com Ecologia e biossegurança. Essas questões chegaram à
Filosofia. No imaginário das pessoas, todos estão preocupados e sabem
que se precisa estabelecer um novo contrato com a natureza. A visão
antropocêntrica segundo Jonas nos conduziu para o precipício. Temos de
construir um novo pensamento. A humanidade e as mudanças climáticas
foram longe demais. É claro que muito do que aconteceu pode ser
atribuído à Tecnologia e exige de nós uma atitude diferente. Contudo,
a nossa dependência da Tecnologia é brutal e se a tirarmos da
Agricultura, condenaremos a humanidade à miséria. A Ciência, por sua
vez, não gera valores, nem estipula fins, nem estabelece limites, e
isso deve ser é resolvido em um outro lugar, que pode ser a Filosofia.

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