Educação e liberdade
Entre os seres que vivem neste planeta, os humanos nascem sem identidade própria, já os animais se comportam iguais aos da sua própria espécie, mesmo quando convivem com outros animais de diferente natureza. O instinto de preservação e de identidade nos animais está interiorizado, e de si retiram seu próprio agir e modo de ser. Mas com a espécie humana não acontece o mesmo. Um exemplo disso são as meninas lobas encontradas em 1920 na Índia. Elas foram criadas pelos lobos e desenvolveram características de lobos e não de humanos. Isso justifica a importância da educação, porque os humanos não sabem tirar de si sua própria identidade, não reconhecem seu ser, precisam de um modelo para se desenvolver por assimilação.
Os gregos, no período clássico, tinham uma estrutura social dentro da polis que propiciava a cultura e a educação, tanto as sociedades aristocráticas quanto a vida no campo, estavam ligadas a polis. Ela representava uma forma sólida de vida. Havia, nessa época, uma moral prática de culto aos deuses, de honra aos pais, de respeito aos estrangeiros. A educação estava impregnada de um ideal de homem que se oferecia aos deuses como algo belo. Para os antigos gregos a beleza era fundamental na natureza humana. Sonhavam com a formação do Homem em sua totalidade, tanto em seu comportamento exterior quanto atitude interior.
Olhando para o passado é possível perceber que a educação tem sido, desde então, uma construção dentro de um povo. Mas, na atualidade, qual é o modelo social? Qual é o modelo que os jovens têm para assimilação? ?Na sociedade atual não existe lugar para o sonhador, para o poeta e para o visionário.
O que os jovens vêem é corrupção, violência social, injustiça, impunidade, e na televisão assistem a programas que não contribuem em nada para a educação. Como se não bastasse, a escola raramente desenvolve o talento criativo e artístico que os jovens possuem naturalmente. Esta é uma sociedade que necessita de técnicos, e assim produz zumbis convenientemente condicionados para a criação de novas tecnologias. Por tudo isso, fácil está de perceber a inexistência de um modelo de Ser humano para jovens e crianças se identificarem. O líder do rebanho não é mais um homem ou uma mulher, mas sim a tecnologia.
Em uma época onde a moral e os valores são duvidosos, e o honesto é chamado de "boboca", o indivíduo perde seu referencial, demonstrando uma total desestrutura pessoal. Ao culpar a família pela desestrutura que conduz as drogas, é preciso lembrar que este modelo tem sido, desde longa data, opressor e violento. Quantas mulheres foram oprimidas, violentadas, agredidas. Mulheres sem liberdade acorrentadas a um homem por toda sua vida. A desestrutura, talvez, tenha sempre existido, apenas não fora percebida porque as mulheres resistiram bravamente ao sofrimento. Homens construíram uma estrutura machista em cima de uma base não sólida, por isso, mais cedo ou mais tarde, a casa teria que cair. O moralismo do passado já não serve mais. E agora não sabemos o que fazer para consertar tudo isso. Em meio a desordem, o Crack está se tornando a maior de todas as epidemias que já assolaram este planeta.
O Crack é responsável por financiar o crime organizado e a desestrutura principalmente dos jovens. Ele tem se demonstrado a mais devastadora entre todas as drogas, devido a rapidez com que causa dependência e degeneração físico e mental, levando rapidamente seu usuário a morte. Mas o que leva uma pessoa a se tornar um consumidor de drogas? Talvez seja insegurança, imaturidade, irresponsabilidade, falha na educação, ausência de valores, falta de um ideal ou metas, desestrutura pessoal e familiar, curiosidade, fuga, modismo...
E agora, como restabelecer a ordem em meio ao caos? É preciso lembrar que o mundo está hiperativo. Embora algumas pessoas pensem que hiperatividade seja coisa de criança. O fato é que este mundo já não é mais o mesmo, esse velho planeta cheira a novidade. A mulher mudou, a criança mudou. E onde estão nossos idosos?, estão em um processo contrário, estão rejuvenescendo. Corremos, temos pressa, somos impacientes, não conseguimos parar, queremos tudo agora. Não toleramos a mesmice, queremos mudanças. A tecnologia tomou conta da vida. Computadores, máquinas informatizadas, configurações unindo hardware e software, inúmeros satélites rodeando o planeta. Não dá para esquecer do telescópio espacial Habble, a procura de novos mundos. Este nosso planeta se tornou pequeno para nós. Atualmente, os cientistas procuram vida inteligente em outros planetas. De uns anos para cá, nos tornamos Ciborgues e nos movemos simultaneamente no real e no virtual.
Com toda essa mudança, tem quem ainda pense em educar filhos a moda antiga, a partir de limites, quando a tônica do momento é a mudança. Com toda essa mudança que perpassa o planeta, nos esquecemos de nossas crianças, nos esquecemos que elas também mudaram, e não querem mais ser tratadas como no passado. A vida cheira a liberdade. Liberdade de ação, de expressão, de credo religioso. O que hoje é, amanhã deixa de ser. Somos livres para criar e recriar a vida.
E assim, nos deparamos com um grande desafio. O grande desafio, na área da educação, reside em aprender a fazer bom uso da liberdade que adquirimos. O problema tornou-se claro quando vemos jovens que não sabem administrar sua liberdade, usando drogas. Somos livres sim, mas, ao mesmo tempo, desestruturados. Somos seres humanos livres que maltratam a si mesmo e maltratam outros seres humanos. Um exemplo é a crueldade para com nossas crianças, que são usadas como se fossem abjetos ou mercadoria. Crianças que são violentadas e prostituídas, por conta da liberdade de alguns adultos. Isso nos faz pensar que liberdade, talvez, não seja para qualquer pessoa, ela é para aqueles que sabem fazer bom uso dela. O problema reside no conceito de liberdade, pois tem quem pense que liberdade é fazer o que bem entende da vida. Por causa desse pensamento, estamos nos tornando uma sociedade de drogados e de mal feitores. Somos livres para fazer escolhas. Um prisioneiro só é prisioneiro porque não tem liberdade de escolha. Se tivesse não seria prisioneiro, escolheria ser livre. Isso nos faz pensar que o lugar da liberdade reside no ato de fazer escolhas. Mas poucas são as pessoas educadas para fazer escolhas para o bem viver, sem se drogar ou maltratar alguém.
O discurso dos "limites" está ultrapassado. Seres livres não querem saber de limites. Limites são para prisioneiros. Somos uma sociedade de seres livres. O problema é o que fazer com toda essa liberdade. A educação tem que voltar seu olhar para seres livres que precisam aprender a fazer bom uso de sua liberdade. A conversa com nossas crianças não é mais sobre limites, mas sim se elas sabem como usar a liberdade.
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