Entre as minhas imagens prediletas de felicidade está um diálogo registrado numa reportagem televisiva, veiculada há algumas décadas:
Numa loja de música, a repórter entrevista o rapaz encarregado de ouvir e classificar os discos, para orientar os consumidores. Ele fazia aquilo todos os dias. A jornalista lhe pergunta sobre o que fazia quando chegava em casa e nos finais-de-semana. Ele respondeu:
-- Eu ouço discos.
Passamos a maior parte de nossa vida em função do trabalho. Por isto é triste que, para muitos, sua ocupação profissional não tenha nada a ver com a sua vida; é apenas uma forma de ganhar o dinheiro de que precisa. Poucos podem ouvir discos no trabalho e em casa, como se fosse a mesma coisa: prazer.
De fato, há trabalhos que não têm nada a ver conosco. E só há uma solução: buscar responsavelmente outra coisa (melhor) para fazer.
Pode ser que o problema não seja o trabalho, mas um sentimento crônico de inadequação. Não é o caso de mudar de trabalho, mas de fazer com que o trabalho não nos drene a alegria da vida.
Eis a tarefa enquanto aguardamos que a loja de discos nos contrate.
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