quinta-feira, 17 de junho de 2010

[STBSEB:4295] As sacolas plásticas têm futuro?

As sacolas plásticas têm futuro?
fonte: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI138550-17153,00-AS%20SACOLAS%20PLASTICAS%20TEM%20FUTURO.html

Com uma queda na produção de 15% nos últimos três anos, as embalagens
tradicionais perdem espaço para os modelos ecológicos
Por Sérgio Tauhata

Em cem anos, o plástico passou de herói a vilão - por ironia, devido
às mesmas características que popularizaram seu uso. Ser flexível,
impermeável, resistente e pouco reativo a produtos químicos virou um
problema quando essas qualidades começaram a ser associadas ao apelo
do descartável. No Brasil, 90% de 1 bilhão de sacolas que mensalmente
embalam produtos em lojas e supermercados vão parar no lixo. A
situação já foi pior: há quatro anos, o país consumia 3 bilhões de
unidades mensais, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria
de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief) - e com a mesma taxa de
descarte.

90% das sacolas que saem das lojas e supermercados vão parar no lixo
Devido à fama de produto do mal, as sacolas plásticas têm recebido
ataques de várias frentes. O golpe mais recente - e talvez o maior até
o momento - foi o anúncio da rede Carrefour de banir esse tipo de
embalagem de suas lojas em quatro anos. A decisão inclui as demais
bandeiras do grupo: Atacadão e Dia%. "Em 2014, quando o processo
estiver implantado em todas as lojas, teremos retirado de circulação
800 milhões de unidades por ano", afirma Paulo Pianez, diretor de
sustentabilidade do Carrefour. Com a mesma preocupação, outras redes
do varejo adotam ações semelhantes, embora não tão definitivas. O
grupo Fnac, por exemplo, distribui apenas sacolas de plástico
biodegradável há cinco anos. Em 2010, deixou de oferecer os modelos
maiores de embalagens descartáveis. Como opção, as lojas dispõem de
uma bolsa retornável, feita de material reciclado, e que custa R$ 3.
"Tivemos uma adesão acima da expectativa nos primeiros meses. Mais de
40% dos clientes passaram a usar o produto", diz Patrícia Nina,
diretora de operações da Fnac Brasil.

20% é a projeção de redução no consumo de sacolas plásticas em 2010
Com o cerco se fechando, o consumo brasileiro de sacolas plásticas cai
anualmente. Em 2007, foram produzidas 17,9 bilhões de unidades. No ano
seguinte, 16,4 bilhões, 8,4% a menos. Em 2009, 15 bilhões, uma queda
de 16%. Neste ano, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras)
estima uma diminuição de 20%. "As campanhas contra o plástico afetam
muito a indústria. O segmento de sacolas descartáveis representa 14%
dos negócios do setor", afirma Alfredo Schmitt, presidente da Abief.
Sem alternativa, os fabricantes começam a se reciclar. Materiais
oxibiodegradáveis, hidrossolúveis e biodegradáveis, que se dissolvem
na natureza de três a 36 meses, ganham terreno na mesma velocidade com
que o plástico tradicional perde mercado. No ano passado,
representaram negócios da ordem de R$ 100 milhões.

As linhas ecológicas já representam 18% das embalagens flexíveis
produzidas no país, de acordo com a Res Brasil, representante da marca
de aditivos dw2 para a fabricação de polímeros de baixo impacto
ambiental. Os compostos comercializados pela Res Brasil, quando
acrescentados à fórmula básica do plástico, aceleram a decomposição
dos polímeros em até 400 vezes. Ou seja, as sacolas aditivadas são
absorvidas pela natureza em até três meses - contra mais de 100 anos
da embalagem comum. "Estamos crescendo a um ritmo de 10% ao mês",
afirma Eduardo Van Roost, diretor-superintendente da empresa, que
espera faturar R$ 5 milhões em 2010.

18% Esse é o percentual que as linhas ecológicas já representam no
total de embalagens flexíveis produzidas no país
Além dos plásticos de degradação rápida, o papel e o papelão ganham
relevo entre as opções de substituição ao polímero comum. "Sacolas de
papel são o nosso carro-chefe hoje - representam 70% dos nossos
itens", afirma Mauricio Groke, diretor comercial da Antilhas, uma das
maiores fabricantes brasileiras de embalagens. "Com exceção dos
supermercados, há uma tendência das lojas de migrar para esse tipo de
solução." O grupo deve investir R$ 10 milhões neste ano e impulsionar
pesquisas de novos materiais e produtos. A meta é crescer 16% em 2010.

No mercado desde 1953, a Nobelplast dedicou mais de meio século à
fabricação exclusiva de embalagens plásticas. Até despertar para a
demanda por sustentabilidade, em 2004. A preocupação ambiental levou a
empresa a criar a versão verde do próprio negócio: surgiu então a
Nobelpack, com investimentos de R$ 3,5 milhões. "Hoje, 90% das nossas
sacolas são produzidas com papel reciclado. Trabalhamos também com
matéria-prima certificada, além de plásticos oxibiodegradáveis e
biodegradáveis", afirma Beni Adler, diretor-executivo da empresa.

85% a mais custa uma embalagem de papel comparada com a de plástico
O maior impedimento para a troca das sacolas tradicionais por opções
menos agressivas ao ambiente é o preço. Cada unidade do plástico comum
custa em média 2 centavos de real. "Uma embalagem oxibiodegradável tem
valor 20% maior, em média. E uma de papel, é 85% mais cara", compara
Groke. O futuro das sacolas está mesmo é nas mãos dos consumidores.
Irão comandar a mudança se estiverem realmente dispostos a pagar mais
por opções de menor impacto ambiental ou forçar a cadeia produtiva a
arcar com essa diferença de custo.

SEM AGREDIR A NATUREZA | conheça os substitutos ecológicos dos
derivados de petróleo
Biodegradável
São feitos a partir de substâncias orgânicas, como milho, cana e
batata. Se descartado, o plástico desaparece na natureza em questão de
meses. A degradação ocorre pela ação de micro-organismos. No entanto,
na ausência de oxigênio (caso seja enterrado, por exemplo), a
decomposição gera gás metano, que contribui para o efeito estufa

Oxibiodegradável
Um aditivo acelera em até 400 vezes a dissolução do plástico
tradicional -com a ação de luz, calor e umidade, reduz o tempo de 100
anos para 3 meses. Em uma segunda fase, micro-organismos terminam o
processo e deixam como resíduos apenas dióxido de carbono e água

Compostável
É um tipo de plástico biodegradável, ou seja, com base vegetal, que se
comporta como matéria orgânica comum. É produzido para ser usado no
processo de compostagem, para a obtenção de húmus e adubo

Papel certificado
O selo do Forest Stewardship Council (FSC) assegura que o material da
sacola vem de manejo sustentável das florestas. Isso significa
preservação, extração responsável de matéria-prima e ajuda no
desenvolvimento das comunidades

Papel reciclado
Existem dois tipos básicos: o pré-consumo, no qual a matéria-prima vem
de resíduos de fábricas antes de chegar ao mercado (como as aparas) e
o pós-consumo, que usa material descartado (como embalagens
longa-vida). O segundo tipo ajuda a retirar lixo da natureza, por meio
de coleta seletiva e da ação de cooperativas de catadores


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Carla Geanfrancisco
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jamais voltará ao seu tamanho original"
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