No Vaticano, foram apresentadas as diferentes edições do livro sobre a infância de Cristo, o terceiro da série escrita por Ratzinger sobre Jesus. ANDREAS SOLARO / AFP
ROMA – Não havia mula nem boi na Belém de Jesus, e provavelmente a estrela que aparece nas parábolas sobre o nascimento de Cristo era uma supernova. Essas são algumas das considerações do Papa Bento XVI em seu novo livro, "A infância de Jesus", que começa a ser vendido nesta quarta-feira em 50 países.
No livro, o terceiro volume que o Papa dedica à figura de Cristo, surge uma questão delicada e crucial para os católicos: Jesus fora concebido por obra e graça do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria? Bento XVI atesta: "Sim, sem reservas". Mas o Pontífice tira a razão de Santo Agostinho, que escreveu que Maria fez voto de castidade e instruiu José a protegê-la. Segundo Bento XVI, esta reconstrução dos acontecimentos "está fora do mundo judaico na época do nascimento de Jesus".
As ideias do Papa, respeitado teólogo alemão, vêm com detalhes. Como explica no terceiro capítulo, dedicado ao nascimento de Jesus, a Virgem envolveu seu filho em panos como faria qualquer outra mãe naquelas circunstâncias, isto é, com amor mas "sem sentimentalismo". É a tradição, diz ele, que põe a literatura no assunto, alocando na cena uma manjedoura – representação do altar – e algumas gases para envolver o bebê – uma antecipação do momento de sua morte.
Assim, o Papa retira os detalhes da cena – "no presépio não havia animais" – e, por sua vez, garante a veracidade do cerne da questão: o nascimento de Jesus não é um mito, mas uma realidade: "História, história real, que aconteceu, história interpretada e compreendida com base na palavra de Deus." Tão certa, acrescentou o Papa, quanto a virgindade de Maria. "Uma mulher corajosa", escreve Bento XVI, "que, inclusive diante do inédito (o anúncio do Anjo) manteve o autocontrole. É uma mulher de grande interior, que mantém juntos o coração e a razão e tenta entender o contexto, o conjunto da mensagem de Deus".
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