sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

[STBSEB:7049] QUASE NO FIM ... DO ANO...

 
QUASE NO FIM ...
DO ANO...
Wagner Antonio de Araújo
 
Estou na sala de minha casa. Lá fora a marreta de um pedreiro faz-se ouvir ao longe. Um pardal canta no telhado da casa do vizinho. Um cão ladra distante. Um carro breca na esquina, fazendo um enorme barulho. E o vento farfalha nos galhos do velho pé de louro.
 
Vejo a sala em ruínas. A parede que dividia o meu quarto com a sala foi derrubada. O antigo corredor de entrada tornou-se sala também. Mas não há acabamento, só há paredes sem reboque, ferros retorcidos e móveis amontoados. Um ar de saudades.
 
Foi um ano intenso. Talvez o mais intenso de minha vida.
 
Neste ano casei-me. Após 45 anos de existência aprouve a Deus dar-me uma esposa dentre Suas filhas. Uma excelente esposa. Uma dama. Uma jóia preciosa. Casei-me em julho. E tive uma lua-de-mel dos sonhos: Natal, Portugal e Espanha. Praticamente um mês de viagem. Depois de tantos anos, enfim, a alegria de constituir família!
 
Neste ano compramos propriedade para a igreja (Igreja Batista Boas Novas de Osasco, agora do Rodoanel, em Carapicuiba, SP, Brasil). Iniciamos a congregação em 07 de novembro de 1996, inauguramo-la em 20 de novembro do mesmo ano, organizamo-la como igreja em 04 de novembro de 2000 e somente agora, 03 de dezembro de 2011, consagramos o terreno que o Senhor nos concedeu. Quinze anos de aluguel. Quinze anos de busca. Quinze anos para ajuntar o dinheiro. Quinze anos de esperanças. Mas o tempo veio e compramos a propriedade. E já a estamos utilizando. Aleluia!
 
Neste ano iniciei a reforma de minha casa. Casa velha, talvez erguida lá pelos idos anos 30 do século XX, reformada algumas vezes, mas nunca havia sido transformada de forma radical. Neste ano as coisas mudaram. Seis meses de reforma. Nenhum cômodo entregue pelos pedreiros. E foram passar as festas de fim de ano em sua terra, Januária, Minas Gerais, deixando-nos aqui literalmente nos entulhos. Deus nos ajude a ter coragem para continuar! É um grande sofrimento. Mas um sofrimento bom, pois para melhor.
 
Neste ano tornei-me tio literalmente. O meu irmão Daniel e a minha cunhada Cleide foram agraciados pelo Senhor com o nascimento de minha sobrinha Gabrielly Elzira, uma linda menina, uma ternura de pessoa. Foi um presente divino para a nossa família. Ela é muito, mas muito parecida com a minha saudosa mamãe. Sorri para todos, está sempre feliz, chora às vezes, é verdade, mas que criança nunca chorou? Porém, fisicamente é um retratinho de minha mãe.
 
Neste ano conheci a Igreja Batista de Aquidabã, em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, Brasil. Igreja magnífica, com um pastor maravilhoso (Abimael Putumunjum Ribeiro), um povo nobre, animado, alegre, consagrado, um templo suntuoso, grande, um trabalho pujante, um amor profundo pelo Cordeiro de Deus. Aquidabã está para Shekinah de Curitiba e Porto União de Santa Catarina (igrejas onde estive em anos anteriores e que marcaram aqueles anos de minha vida). Em cada igreja que visito e prego sinto-me mais enriquecido e abençoado.
 
Mas sinto-me reflexivo (foge-me a palavra para essa sensação de pensamentos que evocam um pôr-do-sol de outono, saudoso e meio divagador).
 
 
Sinto falta de minha mãe. Elzira Bonfante, minha saudosa e graciosa progenitora. Mulher de fibra, de fé, de ternura, de oração, de confiança! Enquanto escrevo vejo o seu lugarzinho na sala, onde ficava a sua poltrona. Ela, que já não andava mais, ficava horas aqui na sala, às vezes orando, às vezes vendo tv, às vezes dormindo, às vezes conversando ao telefone. Mas seu sorriso cativante SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE nos acalentava e confortava.
 
Mais um ano se finda e mamãe ficou em 2005. O vazio dessa ausência é compensado pela presença de Cristo. Mas é inegável que a sua falta traz tristeza e saudade. Sim, a palavra que busquei logo acima é MELANCOLIA.
 
A vida já virou mais da metade na minha linha do tempo. Aliás, em 1982 eu deveria ter falecido, segundo os médicos que cuidavam de mim. Deus não quis. Manteve-me até hoje. E agora não estou só, tenho a minha maravilhosa esposa para juntos trilharmos nos caminhos do Senhor. Pastoreei só ao longo de décadas. Agora pastoreio com uma ajudadora ao lado. Que privilégio!
 
O que 2012 reserva? Bênçãos? Provas? Fartura? "Faltura"? Continuidade do ministério local? Um novo ministério, uma nova igreja? Um filho? A volta do Senhor? Partir para o Senhor? Não sei. E nem gostaria de saber. Perderia a graça. E perderia também a oportunidade de viver os momentos que Ele reservou no tempo e no espaço. Prefiro vivê-los do que prevê-los. E sempre buscar nEle o sentido de tudo, a razão para tudo.
 
Talvez volte a escrever neste próximo ano. Quem sabe.
 
Talvez volte a lecionar em algum seminário teológico, como o fiz por vários anos, nas áreas de teologia histórica, discipulado e homilética. Quem sabe.
 
Talvez viaje em conferências pelo Brasil ou pelo exterior, à convite e à serviço de Deus. Quem sabe.
 
Talvez reinicie o meu programa ao vivo pelo rádio ou pela Rádio Naftalina Web, quem sabe.
 
Eu não sei. Mas Deus sabe. Ele tudo sabe, tudo vê, tudo conhece.
 
E a Ele eu confio o meu futuro, o de minha esposa, o de minha irmã, irmão, cunhada e sobrinha, e o futuro da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, em Carapicuiba, SP, Brasil.
 
Bendito seja Deus.
 
Feliz 2012!
 
Wagner Antonio de Araújo
 
foto preparada pela irmã Vera Coelho, a quem
muito agradeço!
 
 
 
 

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