De: Emiliane Saraiva <emilianesaraiva@yahoo.com.br>
Data: 21 de fevereiro de 2011 15:02
Assunto: Adulão/Conferência no DF
Para: emilianesaraiva@yahoo.com.br
Aos Soldados do Exército de Adulão
e amigos queridos do Arena de Cristo
Meus irmãos estou enviando para todos vocês parte dos e-mails que
recebi em resposta ao e-mail com assunto: Adulão/Desabafo. Quero
agradecer desde já, a todos, as palavras de carinho e incentivo. Cada
um foi voz de Deus para mim. Como não é possível encaminhar os e-mails
por completo – senão encheria a caixa de entrada de vocês – então
busquei nos e-mails as palavras que creio que são para todo o Corpo de
Cristo. Recebi e-mails longos que sei que algum momento encaminharei
eles na íntegra para que todos sejam abençoados.
Como aqui não estão todos os e-mails que recebi gostaria de deixar
minha conclusão sobre tudo o que eu li. Segundo os e-mails:
Por mais que a situação esteja crítica não devemos desistir. O Senhor é conosco!
Não recebi nenhum e-mail dizendo que não vale a pena lutar. E todos
concordaram que precisamos nos envolver mais com as pessoas que ainda
não conhecem a Cristo e que podemos de alguma forma fazer ainda melhor
do que temos feito Houve manifestação a respeito da forma que fazemos
nossos personagens, e como é urgente que vençamos nossos preconceitos.
E para a minha alegria existem grupos que estão criando projetos
sociais e levando a arte para a comunidade. Glória a Deus!!!
Peço que vocês mandem idéias sobre de que maneira podemos levar nossa
arte para fora da igreja! Assim podemos ajudar uns aos outros!
"Eu trabalhei por dez anos em uma ONG e a sensação é essa mesma! A
gente vê o quanto nossos preconceitos nos separaram dos perdidos e
afastaram eles dos caminhos de Deus, da presença verdadeira de Jesus.
Por puro preconceito mesmo!"
"A APROARTES foi constituída para conscientizar os artistas, que são
cristãos, dos seus direitos de autor de obras, seus direitos de
cidadania etc. E ainda principalmente de estarem participando das
discussões no país na área da cultura. São raríssimas participações
dos cristãos, que são artistas, nas discussões que envolvem cultura,
pois todos estão apenas e tão somente envolvidos nas igrejas e se
esquecem que é no "mercado" que estão as pessoas que temos que
atingir, mas não com religiosidade, com hipocrisia, mas sendo uma
pessoa transformada por Jesus e assim, mostrando que somos pessoas
melhores por causa dele. O que fazemos tem que ser melhor que podemos
ser e fazer. Não precisamos dizer nada, mas com certeza iremos
influenciar com nossa conduta, as pessoas verão as diferenças, mesmo
não dizendo nada."
"Eu sempre leio seus e-mails e a maioria deles, eu não respondo. Hoje
eu estou aqui pra te dizer que o nosso Deus tem buscado transformar
líderes quanto à consciência com evangelismo. O primeiro passo nessa
transformação é a nossa mente."
"Eu acredito que nosso Pai ama muito mais que isso... muito mais que a
barreira das diferenças, das heranças religiosas... Quanto a mim, acho
que deveria ser menos burocrático o acesso aos espaços públicos para
as apresentações evangélicas. É uma barra no meu município pra
conseguir um espaço para evangelização pública."
"Ultimamente tenho pensado muito sobre o nosso comportamento como
evangélicos. Como tudo na vida, obviamente não dá para generalizar,
mas tenho lido e ouvido várias coisas sobre como deve ser a conduta de
um verdadeiro cristão. Escrevo peças há mais de dez anos (são 58 peças
publicadas!)... Eu mesmo vejo as minhas primeiras e com o tempo, o
Senhor tem me mudado na maneira de escrever. Creio que esta nova fase
de consciência é prova de que o Espírito Santo do Senhor está em nós,
nos ensinando, corrigindo, abraçando e nos mostrando o caminho para
conquistar nossos semelhantes carentes de Deus assim como nós.
Acredito que sejam milhares e milhares de cristãos tomando uma posição
mais humana (sem religiosidade, pois esta escraviza) nestes últimos
dias, pois Jesus está as portas...."
"Os textos que seguem estão postados no meu blog (www.viaarte.org).
Compartilho da mesma visão que você quanto a atenção que dispensamos
como cristãos missionários à arte. Para isso criei o blog acima no
intuito de provocar reflexão e estimular o contato com a arte. No
entanto, para minha surpresa, não sei boa ou ruim, a maioria dos
acessos é de pessoas não crentes. Se a visão for missionária está tudo
ótimo. Mas quanto ao fomento da cultura no meio cristão é
decepcionante. Porém, não podemos desistir. Afinal, como ousou
Leonardo da Vinci, é preciso ver em perspectiva. E o cristão enxerga
além, em perspectiva! Abraços.."
"Não é somente em Brasília que as coisas são assim: igrejas ciumentas
que não olham e nem vão "para fora", isto é em todo Brasil e mundo
infelizmente. Aqui em Curitiba a situação não é nem um pouquinho
diferente, porém existem grupos pequenos que conseguem fazer algo de
relevância, tanto em projetos sociais quanto na esfera
artístico/cultural. Grupos pequenos, mas de soldados valentes que não
se apóiam uns nos outros através de relacionamentos profundos de
amizade em Cristo, em oração e comunhão.(...) Aqui em Curitiba, meu
ministério, o Klim, se transformou em um Instituto, e através dele
poderemos angariar verba de empresas e órgãos públicos, para realizar
projetos sócio/culturais. Estamos sozinhos nessa! As igrejas estão só
interessadas em ter templos maiores e maior quantidade de membros, em
seus eventos internos e engordar espiritualmente enquanto milhares
morrem de fome de Deus, de alimento, de arte...
"A sua indignação procede, pois a pregação ou exposição do Evangelho
encontra hoje obstáculos que parecem intransponíveis, plantados por
nós mesmos, os evangélicos. O seu desabafo e a sua indignação, creio
que pode redundar em uma conscientização no meio evangelical, e se
assim for a vontade de Deus, trazer transformações no pensar e agir da
Igreja do Senhor no Brasil, principalmente de pastores que foram
levantados, não para serem donos de apriscos e gerar no coração das
pessoas o sentimento da indiferença medieval, transformando "suas"
igrejas em mosteiros. Eu creio que Deus vai levantar pessoas, e está
levantando, cheias de amor, que se preocupa com a vida e não com a
religião, que olha para o homem e sua real necessidade, e não para o
sistema."
"Gostaria de primeiramente lhe pedir que mostre a estas pessoas que aí
estão que existem evangélicos que amam incondicionalmente,
independente de crenças. Pessoas que querem ser como cristo foi. Levar
a Palavra, o amor a pessoas que nem sabem porque ele foi crucificado."
"Achei seu desabafo muito verdadeiro, é assim que eu me sinto, quando
digo em meios a essas pessoas que sou evangélica. Um título, uma
crença, pois se analisarmos a fundo o que DISSE JESUS; as coisas
mudaram de percurso, muita coisa foi deturpada, muito julgamento, o
que importa é que sou salva...enfim...A única maneira de revertermos
essa situação é sentir na pele como você mesma sentiu o estrago
tamanho que nos separa dos outros. Se fosse ensinado como amar o nosso
irmão como a nós mesmo, nada isso estaria acontecendo; mas
primeiramente temos que voltar e ver onde caímos e aprendermos a nos
amar primeiro; sem culpa, nem julgamento, nem fardo, sem ódio das
outras religiões, ser exemplo através do amor; lapidando o caráter
dia-a-dia. Você diz, que está desanimada, é de dar desânimo mesmo,
vemos pessoas não convertirdas dando mais exemplo do que se dizem
convertidos, é tão difícil, eu entendo o seu desabafo, pois quando
estamos e meios a estas reuniões, o boato é esse: O Pastor tal só
pensa na sua igreja, O outro diz que não faz parte deste mundo, O
outro não concorda que igreja tal só fala na teoria da prosperidade,
por isso não quer falar em ECUMENISMO EVENGÉLICO, são tantas coisas
que fica difícil criar um conselho com esta visão de "ARTE CRISTÃ POR
TODA PARTE" titulo criado por mim rsrrs; seria fantástico propor isso
a Secretaria de Cultura...Mas cadê os interessados cristãos?
primeiramente eles teriam que deixar de buscar seus próprios interesse
e trabalhar em prol do REINO DE DEUS; e BUSCAR EQUILIBRIO para as
IGREJAS."
"Tenho uma visão que nos cristão temos que realmente sair das 4
paredes e através do teatro ganhar almas para o reino de Deus. Deus
tem nos dado um dom e está abrindo as portas para um tipo diferente
das pessoas que não são cristãs ouvirem a palavra de Deus. A igreja é
como se fosse uma escola, apreendemos e depois vamos lá fora encenar
e mostrar o amor de DEUS em forma de uma peça de teatro. Vamos nos
unir para fazer nossas peças chegarem aos corações de todos, sejam
brancos, negros, macumbeiros, etc. Lembre-se Jesus veio para os
doentes, abatidos, oprimidos e esse povo, que devemos pregar, falar do
amor de Deus e ter um amor muito grande por eles."
"Realmente o que você diz está certo, temos poucos cristãos
interessados em sair de dentro da igreja para fazer missões através da
sua arte, devido falta de apoio e falta de visão também. Participei
alguns anos de um ministério de dança, do qual passei muitas lutas
para conseguir abrir as portas da igreja, ou seja, sair de dentro da
igreja. Os pastores, os membros...julgam muito quem quer fazer a
diferença, além de não existir muitas pessoas determinadas para vencer
obstáculos que te fazem chorar. Também já participei de teatro, e é a
mesma coisa, apesar de acrescentar tudo o que você disse sobre o
preconceito de pessoas que ainda não conhece a CRISTO; como é difícil.
Mas eu creio que isso mudará, pois DEUS está restaurando os corações e
formando pessoas capazes de romper barreiras. Qual o dia dessa
conferência que você citou? Fiquei interessada."
"Um dos motivos pelos quais eu li o e-mail que você repassou sobre a
Conferência de Cultura foi o título que você colocou, mencionando
Adulão (a gente sempre tem que ler tanta coisa, nunca lemos tudo...)
Pra mim, o Ministério de Teatro é mesmo uma Caverna de Adulão. E não
só eu te digo isso. Várias pessoas que passaram pelo Ministério de
Teatro da minha igreja poderiam te dizer a mesma coisa. Um local de
autoconhecimento, antes de mais nada. Para que então recebamos a graça
de Deus, que é sempre abundante, nos mostrando que Ele nos ama como
somos. Com as fraquezas que temos. Mas fraquezas reconhecidas pra que,
então, Ele possa ser força em nós. Se somos um Ministério grande? Se
alcançamos espaço e reconhecimento na igreja? Se conseguimos ter em
nosso elenco os mais talentosos? Não, não e não. A Alessandra Vanucci
escreveu que o "teatro é uma arte pobre". No sentido de materialmente
pobre. O ator, em si, é só corpo e voz. Mas nunca pobre de espírito. E
a intenção por trás de cada vez que eu vi o Ministério de Teatro da
minha igreja sendo usado por Deus realmente foi sempre tão
simples.Quando penso no poder do teatro, e lembro do texto de II
Timóteo 2:15, fico muito assustada. O texto fala "Procure
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se
envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade". Eu sei
que não faço nem 1/5, nem 1/1.000 de tudo que poderia ser feito por
intermédio do teatro na minha igreja, congregações, cidade, estado,
país... E não foi nem uma nem duas vezes que pedi a Deus misericórdia
porque simplesmente não sei o que fazer com o Ministério quase sempre.
(Sim, a vontade de trabalhar só é quase uma constante). Estamos aquém
em técnica. Em qualidade. Em textos. Em tanto.E se eu não deixei o
Ministério é porque "não fomos nós que O escolhemos, mas Deus nos
escolheu a nós" (em parte, parafraseando). E em outra parte é porque
não quero que as coisas sejam do MEU jeito. Porque se fosse assim, já
teria desistido há muito tempo... Eu só quero que Deus receba a minha
adoração. E expressar pras pessoas o quanto O amo (amamos, enquanto
Ministério). E dizer a Ele que ele pode contar comigo, com a gente.
Honestamente, já não espero nada mais do que isso."
Meu nome é Luter de Souza, sou da PIB-RJ, li seu email e me
identifiquei com tudo que vc falou. Não me coloco como modelo de coisa
alguma, afinal, só cheguei à compreensão que tenho hj - ainda em
construção - por sobretudo reconhecer em mim as limitações, os
equívocos e as intolerâncias que me disponho a administrar. Mas essa
consciência que tenho a respeito do teatro evangélico e de mim me faz
buscar sempre a forma amorosa de falar do outro e a forma dura de
falar de mim - ou de nós; afinal, com o que medirmos seremos medidos.
Venho de uma igreja batista histórica tradicional, e lamento
profundamente ter que perceber que ainda se tem muita dificuldade em
se conciliar a tradição com a contribuição; ficamos mto na ideologia
do "essa igreja é assim, quem gostar dela fique, quem não gostar
saia", "ame-a ou deixe-a", há uma ditadura em cada sermão, uma
intolerância em cada devocional e não percebemos isso, como se somente
nós soubéssemos o que é amor. Sinto que a igreja desconhece o que
diálogo - ela quer falar, se prepara para falar, pregar, mas raramente
se prepara para ouvir; quer levar a palavra de Deus ao mundo, mas não
consegue usar uma linguagem que o "mundo" entenda, teme trazer pra a
igreja a influência do mundo. Ora, mas o processo de comunicação nele
mesmo, o diálogo em si não implica falar e ouvir, ensinar e aprender?
A igreja nao me parece madura para estar do outro lado da conversa...
Por isso não sabe falar com amor; nao precisa se dar a esse trabalho.
Ela faz esquetes estereotipada do outro - faz o gay, a prostituta e o
drogado (oq chamo pejorativamente de teatro PGD) sem qualquer
contextualização, evem messiânica dona de todos as soluções. Então a
igreja nada tem para aprender? Não pode nunca questionar seus temas,
seus processos?
Ela quer espaço pra falar ao mundo, e que espaço ela tem dado para o
mundo falar a ela? Nessas horas eu penso nos filósofos Jungren
Habermas – da razão dialógica, da sociedade da comunicação, do
conformismo lógico - e Michael Foucault - da ordem do discurso, dos
tabus, das interdições,dos rituais de autoridade... acho que a igreja
tem muito a aprender com eles. Os batistas se gabam de serem
democráticos, mas o que tenho visto são as tais ditaduras de maioria
de que fala Alexis de Tocqueville....
Presenciei recentemente, nas comemorações do aniversário da igreja
esse ano, um debate a respeito de pós-modernidade e trabalho na
igreja- tema bem amplo, diga-se de passagem. Mas nesse meio, perguntei
aos palestrantes - homens, brancos, de classe média (seria por acaso
coincidência?) como a igreja pretendia ou poderia trabalhar a
diversidade cultural, a preservação do meio ambiente e os direitos
humanos no trabalho da igreja...
Esperava que alguém trouxesse a alternativa de pelo menos discutir
isso à luz da bíblia... qual foi minha surpresa? Não só ignoraram essa
simples hipótese, como disseram que igreja é lugar de transcendência
(esses temas seriam menores e perfeitamente resolvíveis pelo amor) e
que essa agenda é grande demais para a igreja, caberia ao Estado. No
meu ponto de vista, opções lamentáveis, equivocadas em todos os
aspectos. Mas isso é o que povoa a lógica operativa das lideranças.
Você falou em sugestão? Muito bem, aí vai a minha sugestão: debater
diversidade cultural na igreja, trazer cidadania para as
hermenêuticas, livrar a igreja das garras do discurso único. De que
forma? Por meio de editais públicos de fomento a produções culturais
religiosas que conciliem direitos humanos, diversidade cultural,
cidadania. A igreja batista preza pela separação entre igreja e estado
por temer interferência dele no fazer da igreja - teme o dirigismo
estatal. Muito bem, um edital não obriga ninguém a nada, apenas
patrocina iniciativas, e a igreja faz se quiser. Isso reduz as tais
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